Passados 200 dias da ascensão fascista ao poder no Brasil, na figura desse ser ignóbil, é difícil elencar todas as asneiras proferidas por aquele que foi eleito por 57 milhões de brasileiros, tamanha é a coleção de “joias da cultura (de botequim) da sociedade brasileira”!
Esse ser inominável e desprezível era admirador de Carlos Alberto Brilhante Ustra, que foi um coronel do Exército Brasileiro, ex-chefe do DOI-CODI do II Exército, um dos órgãos atuantes na repressão política, durante o período da ditadura militar no Brasil, e que também era conhecido pelo codinome Dr. Tibiriçá. Esse energúmeno foi o responsável por prisões arbitrárias, torturas, estupros e assassinatos ocorridos depois do Golpe Militar de 1964. Entre as vítimas desse violento e cruel algoz da ditadura, constam a ex-presidente da República Dilma Vana Rousseff e a jornalista Miriam Azevedo de Almeida Leitão, esta última presa, torturada e estuprada quando estava grávida.
“Tudo isso que está aí” é a expressão predileta da ignorância do supremo mandatário, oriundo das fileiras das Forças Armadas, de onde foi aposentado compulsoriamente enquanto servia, como capitão e paraquedista do Exército Brasileiro, quando tramava atentados terroristas contra quartéis e de onde deveria ter sido expulso, sem honras e sem glórias. Depois de 28 anos como deputado federal (sem nenhuma contribuição relevante para a Nação), seu único legado foi uma sucessão de besteiras preconceituosas e agressões inomináveis a mulheres, gays, negros, indígenas e miseráveis (“que não existem” no país desse imbecil). Curiosamente, foi justamente entre os generais que o embusteiro foi buscar apoio político para compor seu estranho ministério…
O que nos surpreende é que nesses 57 milhões de votos encontram-se mulheres, indígenas, negros e membros da comunidade LGBT, justamente aqueles desprezados e humilhados por este presidente da república. O que explicaria “tudo isso aí”, ou seja, o que motivou tais pessoas a escolherem o pior ser humano disponível, diante de tantas alternativas certamente melhores e mais qualificadas? Afinal, seu principal reduto eleitoral está entre evangélicos, inimigos do PT e do Socialismo, truculentos amantes das armas, latifundiários do agronegócio, radicais da extrema direita brasileira e neofascistas que se julgava reduzidos a poucos indivíduos depois de 21 anos de ditadura!
Essa estranha tendência mundial pelo neoliberalismo de direita foi confirmada em vários países da Europa nas eleições dos últimos anos, e seria explicada por uma rejeição aos partidos de esquerda que não souberam “capitalizar” (curiosa palavra) as conquistas sociais e o crescimento econômico e tecnológico experimentado na segunda metade do século XX, justamente em decorrência do fim da Segunda Guerra Mundial e das ditaduras militares latino-americanas, que teriam deixado sequelas permanentes na Humanidade, mas também possibilitaram o surgimento de democracias emergentes e a efetivação de pactos sociais refratários ao Capitalismo perverso e selvagem dos anos do pós-guerra. O pêndulo ideológico fez seu retorno à direita e à globalização, igualmente incapazes de evitar crises econômico-financeiras que paralisaram a Economia mundial por várias décadas.
O fato é que essa nefasta mistura entre Ideologia, Religião, Economia e Oligarquias Dominantes sempre resultou em regimes de força e estimulou guerras violentas ao longo da História. E no Brasil não foi diferente: nos anos 1930-1945 tivemos a ditadura de Getúlio Vargas, truculenta e contraditoriamente enaltecida por suas conquistas sociais; depois, nos anos 1964-1985, as ditaduras militares de Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo, quando a violência se justificava por um projeto econômico representado por grande crescimento econômico (o “milagre brasileiro”) seguido do endividamento do país perante o FMI (Fundo Monetário Nacional).
A ascensão do republicano e bilionário norte-americano Donald Trump à presidência dos Estados Unidos também surpreendeu o mundo por suceder a dois mandatos consecutivos do admirável Barack Obama, negro de origens africanas, liberal e democrata, de comunicação fácil e brilhante, que, mesmo com a forte oposição do Congresso, conseguiu fazer importantes reformas sociais nesse país que idolatra as armas, as guerras e a supremacia branca, e que é profundamente preconceituoso e arrogante em suas políticas internacionais. É justamente nesse exótico representante do fascismo e do neoliberalismo radical que nosso inculto presidente foi buscar “inspiração” e apoio político. Foi também nos Estados Unidos da América que Bolsonaro encontrou seu “guru” expatriado: Olavo de Carvalho, que nunca cursou uma Universidade, teve uma carreira bizarra como “Astrólogo” antes de se autodenominar “Filósofo” e criticar todos os que ridicularizavam suas “teorias” medievais, como a da Terra Plana e outras cretinices…
Pois este bizarro e contraditório personagem tupiniquim não apenas conquistou a presidência, mas impôs aberrações políticas inaceitáveis ao Povo Brasileiro, como sua obsessão pelas armas, seu desrespeito às normas democráticas, seu sectarismo fanático por estranhos mitos (este sim, absurdos) como da Terra Plana, do “direito” do cidadão de matar quem invadisse suas “propriedades” (usurpada dos verdadeiros donos, os indígenas), da “Escola sem Partido” e da Educação banida de Paulo Freire e de quaisquer intelectuais de esquerda, da desconstrução dos Direitos Sociais, dos “direitos” dos latifundiários a serem ressarcidos por seus atos criminosos contra o Meio Ambiente (com dinheiro oriundo de doações internacionais para reduzir o desmatamento), pelo seu descrédito a instituições memoráveis como o IBGE, a FioCruz, as Universidades Federais, o INPE, o IBAMA, o ICMBio, e tantas outras barbaridades que apenas evidenciam o total despreparo e a incompetência desse indivíduo para exercer quaisquer cargos ou funções públicas.
Se abominamos os descalabros praticados pelo PT e todos os demais partidos políticos desse país (ressalvados aqueles raros políticos que se mantiveram distantes das falcatruas das últimas três décadas de redemocratização e reordenamento jurídico da Nação Brasileira), o que dizer de um político que afirma que seu filho Eduardo, o “Número Três”, tem qualificações para assumir o cargo mais desejado da diplomacia brasileira, mesmo sem qualquer familiaridade com a complexa teia de conhecimentos que envolve a carreira diplomática, antes respeitada internacionalmente, ou ao proteger seu outro filhote, o “garoto” Flávio, o “Número Um”, envolvido em acusações de corrupção, prevaricação, enriquecimento ilícito e vinculações com a Milícia Carioca, inclusive no escabroso caso do assassinato de Marielle Franco, ou ainda de seu filhote Carlos, o garoto “Número Dois”, responsável pela vergonhosa “campanha” do pai, através de massiva publicação de Fake News nas redes sociais do Twitter, Facebook, Instagram e WhatsApp, além de supostas compras de curtidas produzidas pelos hackers internacionais e outros “Influenciadores Digitais”, certamente responsáveis pelo “sucesso” eleitoral desse candidato FAKE, em uma campanha suja contra outros candidatos, certamente muito mais qualificados para exercer o cargo máximo de nossa Nação.
Triste concluir afirmando que os próximos anos serão tenebrosos, obscuros e repletos de decisões torpes e contrárias à edificação da Nação Brasileira. Há que se abominar o uso de expressões como “Pátria”, que representa apenas o fanatismo militar pela posse de territórios e pelo “amor” ao Hino e à Bandeira Nacional, símbolos obsoletos e que tornam medíocre a verdadeira expressão de dignidade de um POVO, caracterizado pela sua Cultura, sua Língua, suas Tradições, seus Costumes, seu Folclore, suas Instituições Democráticas, sua diversidade Étnica, sua Justiça Social, sua Natureza (com sua Biodiversidade preservada) e tantos outros atributos que documentam a sua Evolução Histórica.
Que eu não sobreviva o suficiente para constatar as terríveis desgraças que ainda estão por vir…