Poeta, despertai, pois hoje dizem ser teu dia!
Busca as razões para seres poeta… ou, talvez, feliz…
Em outros tempos de menos temores, até que poderias…
Hoje, porém, submerges em pesadelos de aprendiz.
Poeta, despertai do sonho inglório, pois é hoje o teu dia!
Acalentai a esperança moribunda, qual a pobre meretriz…
Que, ainda criança, sequer imaginara sua vida por um triz…
E agora, nas calçadas, arrasta sua alma, seu fardo… chamariz!
É teu esse dia, poeta! Vibrai tuas cordas no silêncio da garganta!
Despoja-te da glória! Nunca a alcançarás! Sois poeta, enfim!
Segue teu rumo adiante, à eternidade, à musa que te encanta!
Esquece-te do passado, pois tua caminhada só te levará ao fim…
Não… talvez não sejas mesmo esse poeta… tua rima é pobre…
Tuas palavras não têm o ritmo vibrante da vida ao teu redor!
De teu ser embaraçado só tens a imagem projetada no passado…
E, de tristeza, já morreste tantas vezes que não te erguerás jamais.