Vivemos em um país de hipocrisia: enquanto uma grande maioria está sujeita às garras poderosas da justiça, uns poucos privilegiados são intocáveis e protegidos exatamente por aqueles que deveriam defender, a qualquer custo, nossas instituições democráticas! Senão, em que outro país poderia, o próprio presidente da Corte Suprema proteger um notório bandido, concedendo-lhe, por duas vezes sucessivas, o habeas corpus, com a evidente intenção de desmoralizar outra instituição, esta sim séria e competente, a Polícia Federal, que tantas demonstrações tem dado de seu empenho em tornar esse país mais digno, honesto e decente.Aquele outro bandido, o Salvatore, deveria pedir isonomia de tratamento à Justiça internacional, exigindo a si os mesmos direitos de permanecer livre, já que nossos mandatários não conseguem discernir entre o Bem e o Mal…
Afinal, por que prender bandidos, se a Justiça (?) os solta imediatamente? Que exemplo se dá à nossa juventude aqueles de quem se espera o exemplo e o modelo de conduta? Se a Lei maior permite a soltura, existe uma lei suprema, a da decência e do clamor popular, que reivindica e exige que se cumpra o dever de todo o brasileiro de defender nossos valores e dignidade!
Até quando irão nossas autoridades nos tratar com escárnio e desprezo, tomando-nos por idiotas, fingindo erudição e fazendo-se de puristas em defesa de conceitos reprováveis como esse? Já não basta tudo o que vem acontecendo nos outros poderes, no Senado, na Câmara e na própria Presidência da República? Já não bastam os escândalos acobertados em nome do “crescimento econômico”? Esse terço já foi rezado durante a ditadura militar, quando se dizia que primeiro deveríamos ver crescer o bolo para depois distribuí-lo à população miserável (olá, Delfim!). Isso nunca aconteceu!
Não podemos mais nos omitir diante de tantas ignomínias de nossas autoridades! Seria para isso que elegemos nossos mandatários? Isso é a democracia pela qual tantos deram suas vidas nos porões do DOPS e nas guerrilhas do Araguaia? O que fizemos para preservar nossa liberdade se justificaria agora diante de tantas barbaridades? Para que votar, se os eleitos riem de nós quando empossados, e nos fazem de otários diante das câmeras de TV?
Que tipo de compromisso tem esse ministro com o tal Dantas para utilizar uma argumentação tão estúpida e infantil para justificar tal habeas corpus? Não basta a descarada tentativa de suborno (um milhão de dólares!) de um delegado federal para manter esse corrupto atrás das grades? Bem, se o Maluf permanece impune, livre, eleito deputado e falastrão como sempre, sem que nada lhe aconteça, é de se esperar que nenhum ricaço vá ser preso nesse país!
Eu deixei de votar quando o PT me decepcionou em 2003. E não pretendo colaborar pela manutenção desse status quo; nunca mais! Não adianta! Somos uma minoria humilhada e dispersa em um país de analfabetos. É inútil lutar contra os poderosos; sempre foi assim, desde que Portugal abriu as portas de suas cadeias para despejá-los em nosso território. Assim também foi quando o Imperador Dom João VI retornou a Portugal, repassando-nos a dívida de guerra de Napoleão!
Cada um que faça sua parte, mas a minha está nas palavras que escrevo e no protesto silencioso de meu voto desperdiçado…