A ilusão acabou (“Diário de um louco”)

Chega de ilusões! Não adianta nos enganarmos pensando que os verdadeiros ambientalistas salvarão a Terra, e a Natureza, enfim, prevalecerá e sobreviverá à ambição descontrolada da Humanidade… isso não é possível! Quem já leu alguma obra de ficção científica, ou assistiu a filmes que “revelam” o futuro da Terra percebeu que os autores são unânimes ao imaginá-la deserta, sem vida, sem matas, sem animais, povoada de zumbis, fantasmas ambulantes tentando sobreviver à fome, à miséria, à escassez de água, e ao agreste…Isso não é pessimismo; é pura realidade projetada em nossos filhos e netos, herdeiros dos atos que praticamos no presente! Sim, pois que as políticas ambientais são meros artifícios ilusionistas para confortar nossas consciências, como se o problema não apresentasse a gravidade que de fato existe! A Natureza está morrendo e nada poderemos fazer para evitá-lo!As evidências são inúmeras e incontestáveis!

A política ambiental visa apenas reduzir o ritmo dos desmatamentos, ou seja, o suficiente para legarmos a nossos filhos a responsabilidade pela extinção das matas, da vida selvagem, dos espaços de preservação ambiental, cada vez menores. Nunca se fala em desmatamento zero! Como pensar em fome zero se não existe desmatamento zero? E não se desmata para plantar alimentos, mas combustível! Pasmem! Queremos mais combustível para movimentar as máquinas que provocam, ao final da cadeia, o desmatamento!

A população do planeta cresce a taxas inaceitáveis! Se países como a China determinaram uma política de redução drástica no seu crescimento populacional, a Ìndia, o Paquistão, os países da África, o Brasil, continuam todos a crescer a taxas acima de 2% ao ano! Não haverá lugar para tanta gente, concentrada nos bolsões de pobreza das grandes cidades, amontoada em favelas e malocas, que só fazem crescer a violência e reduzem o nível de consciência médio da população terrestre.

As autoridades responsáveis pelas políticas ambientais, salvo raras exceções, só conhecem a Natureza pelos livros que consumiram em suas teses de mestrado. Jamais pisaram as trilhas das florestas, jamais escalaram montanhas, nunca mergulharam nos mares ou banharam-se nos rios cristalinos e nas cachoeiras que correm pelas vertentes… Elaboram suas leis e projetos baseados apenas nas concepções teóricas e equivocadas das salas de aulas! Nunca se sentaram, à noite, em torno de uma fogueira, no alto de uma montanha, apreciando a magnificência desse Universo incompreensível e misterioso…

Fiscais do IBAMA seguem as cartilhas escritas pelos burocratas e aplicam multas insignificantes (por maior que seja o seu valor), acreditando que o dinheiro recompõe a devastação causada pela exploração descontrolada dos espaços que deveriam ser preservados. Mas as árvores tombadas nunca serão replantadas, e o espaço conquistado à floresta se incorpora às áreas de plantio e às pastagens onde o gado irá produzir mais metano em suas toneladas de fezes, dando sua contribuição involuntária para o aquecimento global…

Não há futuro, meus amigos, para a Natureza! Reconheçamos nossa impotência e incompetência ao gerir nossos recursos mais nobres! Admitamos que, no fundo, pouco nos importa se animais serão extintos, se florestas desaparecerão, se montanhas de granito serão derrubadas para pavimentar as rodovias, se imensas rochas de minérios serão destruídas por nossa ambição desmesurada em superar nossas próprias obras, como se elas fossem magníficas! “Enormes Construções”! Este é o tema do documentário de um canal de televisão que se diz preservacionista! Quanta hipocrisia! O homem se compraz de seus feitos gigantescos! Para que?

E, como se não bastasse, multiplicamos esse consumismo inútil por bilhões de páginas de papel impresso, cujo conteúdo prolixo e redundante nada acrescenta em nosso conhecimento; transitamos egoisticamente solitários por vias congestionadas, desperdiçando combustível fóssil cada vez mais escasso, inundamos nossa atmosfera com a imundície e a poluição gerada pelas atividades frenéticas de uma população improdutiva, e pior ainda, não percebemos em nós mesmos o mal que causamos ao meio ambiente, em nossas próprias casas, com o desperdício sem controle! Quantos quilos de lixo você despeja por dia na Natureza?

Você já parou para observar quanta coisa inútil existe em nossas vidas? Já verificou o seu próprio consumo de energia, sua produção de lixo doméstico, seu próprio impacto ambiental não contabilizado? Nenhum animal selvagem conseguiria, em toda a sua vida, produzir tamanha devastação como o ser humano em apenas um dia de sua existência!

Para constatar essa realidade é muito simples: registre apenas um dia de sua produção inútil: o lixo, o alimento desperdiçado, os papéis descartados, o combustível consumido, o estoque sempre crescente de bugigangas que armazenamos, sem um fim específico, e que nos atam à vida como se imprescindíveis fossem! E tenha a coragem de admitir que o discurso preservacionista vai bem, mas nossas atitudes não refletem o seu significado!

Lamentavelmente, a Natureza não tem mais futuro em nosso planeta!