Saudades de meu Samurai…


Nunca pensei que ele me faria tanta falta assim… mas, ao ver outros espécimens da mesma família, um sentimento de tristeza tomou conta de meus pensamentos… lembrei-me das longas horas que passamos juntos, monologando sem censuras sobre o universo, a vida e tantos outros assuntos que não me arriscaria a compartilhar com mais ninguém… ele, o meu Samurai, conservaria os meus segredos!
Quantas viagens fizemos pelas estradas desse país! quantas paisagens inesquecíveis! quantos momentos deixados em minhas lembranças ao lado de meu Samurai! Itatiaia, Petar, Aparados da Serra, Florianópolis, Ubatuba… tantos outros…Como poderia esquecê-lo? Como, enfim, abandoná-lo à própria sorte depois de tantas vivências?

Mas ele está lá, um monte de ferragens inertes, ao relento, submetido ao seu perverso destino de carcaça imprestável, sem ninguém que se disponha a trazê-lo de volta à vida e às infinitas possibilidades de minhas reminiscências futuras… pobre Samurai!

Despido de sua força e intrepidez, incapaz sequer de se locomover como antes, desbravando estradas intransitáveis, conquistando montanhas inacessíveis, rompendo a inércia dos desvalidos caídos pelos caminhos como tantas vezes fizera, agora é apenas um amontoado de ferros imprestáveis… meu pobre Samurai…

Com ele andei mais de 40 mil quilômetros! uma volta completa em nosso planeta!

Dele eu cuidei com o carinho de quem cuida de um ser vivo, recuperando cada peça de sua mecânica incomparável, até trocar sua alma: o motor e o câmbio! Não medi esforços nem recursos, mesmo contra a recomendação de meus outros amigos…

Meu Samurai inesquecível… nunca o abandonei… nunca mais terei um… exceto na lembrança!