Pois é assim que, nascido prematuro e louco, a consciência recobro justo quando a vida se me nega as infinitas possibilidades que aos demais oferece, generosamente.
E nesse paradoxo do tempo em que me encontro, tua beleza a mim se interpõe, ao mesmo tempo recusando o que se me oferece, apenas por ter estado aqui por mais tempo (muito mais) do que deveria ter ocorrido.
“Uma rainha”, pensei, “jamais uma princesa”. Não pela incontestável beleza, bem o sei, mas por já estares pronta, completa, perfeita em tua exuberância arrebatadora.
Ali estavas, diante de mim, vida manifestada em sua plenitude impecável, deliciosos momentos de inexplicável sedução.
E, ao recobrar a consciência – não a razão, ou juízo – nada mais sou que eu mesmo, prematuro ser anoitecido e inconformado pela vida que a mim se negava.
Quase perfeita, a noite se acaba, restando a madrugada fria, insone, infinita, repleta de lembranças do que não houve e nunca será…