Chegam os dias de muito debate político e, infelizmente, de mentiras, agressões, ofensas, falsidades. Pois é assim o “nosso” modo de convencer o eleitorado. Tudo é válido, tudo é permitido, pois o que interessa é que o “nosso” candidato chegue ao poder. Nem importa se somos seres do anonimato para aqueles que lá chegarem, e que irão nos “subtrair” dos ganhos conquistados com muito trabalho e esforço. Então, por que nos comprometemos e nos expomos tanto por aqueles que nos trairão?
O homem é um ser político, e a discussão das idéias nos empolga e absorve nossa razão e bom-senso.
Nós elegemos nossos políticos. Por isso, já se disse à exaustão que merecemos aqueles que nos governam. Mas não posso concordar com isso: seria muito confortável assumir a culpa coletiva e “deixar rolar” a corrupção descarada que nos destrói o sentido da Cidadania. Pois é, às escolas cabe essa culpa, e aos educadores, aos nossos pais, aos nossos líderes (aqueles bons), porque não nos ensinaram o que significa essa palavra tão expressiva de nossos direitos e deveres, mas já completamente desgastada e esvaziada em expressão pelo (ab)uso ou (des)uso.
Nas doutrinas socialistas, a Dialética assumia um papel determinante na formação política dos indivíduos. De modo simplista, diríamos que dialética é a “arte da discussão das idéias“. É o que nos falta hoje, pois os meios de comunicação “digerem” as notícias para nós, “poupando-nos” o trabalho de análise e discussão de seus complexos significados.
É assim que vemos pessoas de todas as camadas sociais e culturais (o que é bom) “discutindo” temas como educação, saúde, política nacional e internacional, economia, … mas as suas opiniões se restringem a repassar as matérias veiculadas nas manchetes dos jornais das redes de televisão (o que é mau). Ou seja, é um SPAM coloquial de idéias anônimas!
No passado, alguns partidos políticos manifestavam Ideologias programáticas, o que assegurava àquele que se afiliasse a eles a certeza de que suas diretrizes seriam respeitadas nas ações, seja em campanha, seja nos cargos públicos a que fossem investidos. Isso, infelizmente, não acontece mais. Após a revisão da geopolítica dos anos 80 e 90, não há lugar para ideologias.
Como poderemos, então, cobrar coerência de nossos governantes, se eles nos mandam “esquecer tudo o que disseram” ou defenderam como acadêmicos e intelectuais, se alianças espúrias descaracterizam governos de esquerda ideológica, se os partidos oportunistas permanecem sempre como “reserva de voto” e de aprovação de leis em troca de cargos fisiológicos?
Seria muito importante que, mesmo em minoria, nossa consciência política e ideológica prevalecesse nas próximas eleições, e que os nosso candidatos tivessem, ao menos, a decência de se manter coerentes com tudo o que disserem diante das câmeras.
Esperar mais dessa classe política, com esses partidos e com essa realidade nacional, talvez seja apenas ilusão, quimera…