A cada ano, o mundo se acaba para 100 milhões de pessoas… e não nos perguntamos o porquê, não nos desesperamos, e nem sequer nos importamos com seus pobres destinos…
A cada dia, 300 mil seres deixam de existir… e o mundo nem mesmo sente sua discreta, humilde e definitiva ausência…
A cada minuto, 100 almas abandonam seu espaço terreno…
e apenas umas poucas pessoas se incomodam com esse corriqueiro e irrelevante acontecimento…
Um dia, no entanto, alguém desperta e se recorda que, há mais de cinco séculos, um louco desvairado disse, em seus herméticos pensamentos, que o mundo se acabaria no ano santo de nosso senhor jesus cristo, de um mil novecentos e noventa e nove, ao décimo primeiro dia do seu oitavo mês, pela chegada não anunciada de um estranho astro vagueante, que ao nosso belo planeta iria se chocar, dizimando homens, animais, plantas e todo e qualquer ser vivente, de sua superfície repleta e desgastada…
Quando, afinal, se acabaria o mundo ? Quando dele perdêssemos nós a consciência, ou quando um Ser, cuja infinita existência nem sequer podemos assegurar, perde de nós a sua própria, ubíqua e onisciente consciência ????
Assim, por um medieval sofisma, em plena Era do Conhecimento, passa o mundo a viver sua neurose, a um só tempo ansiando e temendo seu final destino que, de princípio, a cada um de nós já fora, para um dia qualquer, assegurado!